Um Ato de Fé
O Pastor perguntou a ele como se sentia.
_Bem,
foi a resposta
_E
a fé? Prosseguiu o Pastor.
_Firme,
disse, mostrando um sorriso fraco nos lábios, por causa das fortes dores no
corpo, causadas pelo estágio avançado de um câncer no intestino.
Se
essa frase tivesse sido dita por alguém que acabou de casar, que foi promovido
no emprego, aprovado num concurso ou que tivesse sido sorteado na loteria, eu
entenderia. Se fosse dita por um homem que acabou de acompanhar o nascimento de
um filho perfeito, faria sentido.
Mas
que fé é essa, que aparece quando a morte leva um dos cônjuges, o desemprego
bate à porta, ou quando se descobre que o tão sonhado filho nasceu com uma
grave anomalia? De onde surge a força que mantém olhos castigados pela dor
olhando para o céu, mesmo nos dias mais negros da vida? Nessa hora, em que o
desespero tenta arrombar a porta do nosso coração e o medo nos abraça e grita
que é o fim. Como alguém mantém a fé diante da dor? Como olhar nos olhos negros
da morte e dizer que está pronto para enfrentá-la? Duas letras – fé – um poder
maior do que o de mil ogivas nucleares.
Pela
fé os antigos venceram e ressuscitaram seus filhos dos mortos. Pela fé
derrotaram reinos, praticaram a justiça e alcançaram o impossível. Venceram o
fogo e derrotaram gigantes; mataram leões e colocaram exércitos em fuga.
Mas
nem sempre a fé foi usada em momentos de glória. Por ela, pessoas comuns
tiraram força de suas fraquezas, foram torturados e sofreram escárnios.
Passaram por algemas, prisões e tentações. Alguns foram serrados ao meio e
apedrejados; foram mortos ao fio da espada.
Estou
te assustando com isso? Eu sei que não. Você provavelmente já precisou de fé.
Talvez te disseram para mandar Deus fazer algo e você até mandou, mas depois
aprendeu que Ele te ama mais do que te obedece e que, para determinadas
situações, basta acreditar. Bem vindo à vida cristã. Os verdadeiros heróis da
fé passaram por necessidades, foram aflitos e maltratados, perderam tudo, mas
sempre guardaram a fé.
Essa
é a idéia, eu e você já comemoramos conquistas, mas também já choramos muito.
Já perdemos muitas coisas na vida, mas podemos continuar caminhando desde que
guardemos a fé. Não somente a fé que remove montanhas, mas a fé que remove o
medo. Não só uma fé na cura, mas uma fé que não depende da cura. Uma fé
alicerçada na cruz do calvário (firme fundamento), dependente da graça de Deus
(prova das coisas que não se vêem).
Essa
fé independe de coisas terrenas que o Senhor pode te dar. Muitos de nós nunca
terão um carro, uma casa própria ou uma conta recheada de dinheiro. Alguns
jamais terão saúde novamente e aquela pessoa tão amada não vai ressuscitar
agora. Mesmo com dores, lágrimas e com a saudade que não te deixa, assim como
muitos já deixaram para sempre, é possível ter fé. Certeza do que espera e
prova do que não vê.
E
sobre o jovem do início, eu falava do Klaus, meu irmão que lutou contra um
câncer por quase três anos. O câncer levou sua saúde, suas forças e, por fim, a
vida. Dois dias depois daquela conversa com nosso Pastor, Klaus deu o último
suspiro (sim, eu sei o que é dor).
Na
época eu dizia que um câncer o matou, mas hoje entendo que aquele câncer foi o
instrumento de Deus para ensinar a muitos que a fé é mais forte do que a morte,
mais forte do que tudo. Tenha fé, crê somente...
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